segunda-feira, 21 de setembro de 2009

É.

Gosto de barulhos de respiração. E de luzes de carros na rodovia. Gosto do som da goteira caindo no balde, mas odeio o telhado furado. Odeio reformas, de casa, de carro, de sofá, de pessoas, de vida. Acho algumas coisas patéticas, e pessoas. Odeio casais felizes que se abraçam o tempo todo. E odeio odiar tantas coisas. Adoro chuva, odeio me molhar de chuva. Impressoras me irritam, muito. Detesto mudança repentina de opinião, detesto convencer alguém sobre algo. Detesto ser excluída. Mas tambem adoro ser excluida, e mudo de opinião a todo momento. Gosto de guarda-chuvas abertos e coloridos como pequenas águas vivas no meio da rua, dançando sem coordenação, no ritmo da correria, da rotina quebrada por uma tempestade. Gosto de não viver, de ficar embaixo das cobertas e de sofrer de tédio. Mas eu também odeio isso. Adoro não ter que acordar de manhã, ou acordar e não viver. Viver as vezes é ruim, e eu não gosto de coisas ruins. Gosto mesmo é de não gostar. E odeio não odiar, como eu sempre faço. Amar mesmo é bem ruim, então eu amo tudo quando eu somente gosto. E na verdade não gosto de nada, nem de mim. Então é só ser um ser certamente amável, e amoroso. Ou odiado, e odioso. Mas na verdade é só pra sentir alguma coisa, porque eu adoro sentir, mas odeio não conseguir.

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